quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Jack Kerouac X Luis Carlos Maciel

*Leonardo Parente

Interessante como é bom escrever sobre improdutividade criativa, significa o quanto você está com vontade de voltar a escrever por livre e espontânea vontade. Atualmente estou estagiando em uma assessoria de comunicação, numa ótima empresa, com um salário justo. Estou acabando o semestre, ano que vem formalizo o carma de ser “periodista”.


Tempo tomado e muita preguiça criativa, leitura lenta de dois livros: Negócio Seguinte de Luiz Carlos Marciel e On The Road de Jack Kerouac, um dos livros e de reportagens e entrevistas, o outro literatura “junkie”. Confesso que fico com o “contraculturísta brasuca”. Acho que as histórias da contracultura, são melhores quando contadas, biografada, pelo menos em relação a On The Road. Estou na metade e preciso dizer que não estou amando, creio que terei que ler novamente para tirar a prova dos nove, mas não me engano, nunca consegui ler mais uma vez um livro que não curti.

Tenho a segunda edição de Negócio Seguinte que comprei no sebo do argentino da Berinjela, ali perto do Elevador Lacerda, a coletânea foi lançada em 1982 pela Codecri. Ele está todo fodido, soltando as páginas, na primeira está escrito PT 3A, 28/12/1983, certamente a data que alguém comprou ou ganhou. O livro foi mais um da coleção do Pasquim. Entrevistas do caralho como as dos Novos Baianos e a de Glauber Rocha, nos fazem ler do início ao fim.

On The Road de um todo não é ruim, pelo contrário é bom, só que eu não posso dizer que seja algo que mudou a minha vida, o título pé na estrada me chamou mais a atenção do que a idéia de ser um bíblia dos jovens dos anos 60, isso porque tenho o sangue mochileiro, e nessa questão Sal Paradise e Dean Moriaty, personagens principais decepcionam um pouco, pelo menos a mim, a forma americana de ser mochileiro não me agradou.

Assim que acabar de ler um dos dois, certamente lerei algo de Júlio Verne, sempre colocando muita aventura nos seus textos e alguma barreira que o personagem precisa ultrapassar, isso me instiga, na minha opinião, Verne é o melhor mochileiro que já existiu.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Os malucos mais beleza que já conheci

Um homem de comportamento estranho sentou ao meu lado no caminho para casa. Durante o percurso, o homem de pele negra fazia movimentos alternados. Ora puxava os fios do seu cabelo crespo, ora alisava os pelos da sua barbicha já grisalha que restava no queixo. Durante essa oscilação, o homem não parava de abrir e fechar a boca continuamente. Era como se dissesse bababá, sem que se ouvisse os sons, apenas batia o lábio inferior com o superior.

Olhei para ele querendo entender o que fazia, mas com a mão na cabeça, puxando os fios crespos, me olhou e sorriu, com um sorriso demente. Retribui do mesmo modo, com um o sorriso demente.

Essa imagem me remeteu boas lembranças, de períodos que eu vivi rodeada de malucos - devidamente comprovados. Lembrei de alguns loucos que passaram por minha vida e o primeiro, pela ordem cronológica chama-se Jane.

Mesmo com nome feminino, Jane era homem - pelo menos era o que parecia. Jane amedrontava todas as criancinhas de Coqueiros, município de Maragogipe, no recôncavo baiano. Lembro, das férias em Coqueiros e do jeito agressivo de Jane, tão atrapalhado das idéias... O grande problema de Jane era porque atirava pedra nas pessoas.

A segunda experiência manicômica, por assim dizer foi com Nalvinha. Tornei-me amiga dela quando eu tinha 13 anos. Todos a enxotavam e a minha missão todas as manhãs, era levar café preto com pão para ela, que dormia no chão de um bar na frente da minha antiga casa. Consegui entender um pouco de Nalvinha e ela me disse que sua melhor amiga fez macumba para ela perder as idéias e deixar o caminho livre para a traíra roubar seu marido. Nalvinha era uma mulher de corpo suntuoso e com uma inteligência roubada. Me afastei de Nalvinha, num dia em que estava com o juízo nos pés. Em um ataque de fúria, ela se levantou e esmurrou uma amiga que estava ao meu lado, sem motivo algum. Foi uma das primeiras grandes decepções que eu tive com alguém.

Luiz Carlos, mais conhecido como Linho. Linho era o típico louco que te olhava com olhar de maníaco e ria um sorriso apavorante. Puxava também fiapos do cabelo e apertava o queixo e batia a boca. Ainda assim, passei muito tempo conversando com Linho. Descobri que ele ficou louco porque tentou vender suas composições musicais nas rádios e foi barrado pela censura, pois se tratava de letras obscenas. Realmente achava na época que suas músicas não fariam sucesso algum, mas nunca disse isso para ele. Linho pirou. De vez em quando sumia e suas irmãs me diziam que ele estava no hospício. Numa dessas idas, ele não voltou mais. Linho morreu com o sonho de vender músicas, mas foi até bom assim, pois se ouvisse as atuais composições entraria em parafuso de vez.

Por fim Rubinho, um ex-trabalhador do pólo petroquímico, um homem inteligente, endoidou de tanto beber na intenção da sua mulher que fugiu com outro. A dor de corno foi tanta que Rubens estava invariavelmente bêbado. Ele tinha uma mania azucrinante de ranger os dentes, mas mesmo assim, eu gostava do seu papo. Rubens emitia opinião sobre qualquer assunto. Sabia de tudo que estava acontecendo da política até sobre o mais novo feito científico. Mas soube esses dias que Rubinho morreu de tanto apanhar.
Nunca quis ser psiquiatra, não consegui ao menos terminar o Alienista de Machado de Assis, mas sempre me senti atraída por essas pessoas. É uma pena, não ter mais acesso com facilidade a um doido devidamente comprovado, mesmo estando rodeada de gente que falta pouco para comer bosta.
* Milena Brasil

quarta-feira, 25 de julho de 2007

20 de julho de 2007, o dia em que Salvador ficou livre!

Foto: Capturada da TV




Ó Tuninho,
tu não fazes falta alguma.
A Bahia agora é livre,
medo que antes pairava,
agora não mais nos importuna.

Tua cabeça branca.
Teu andar de pato.
A tua maldade explícita,
espanta.

Tu es o vingador de Caverna do Dragão.
Tu es Brutos de Popeye.
Jasom.
Fred Kruguer.
Regan.
Hitler.

O teu sarcasmo ficará imaculado.
Besta derrotada.

Leonardo Parente

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Da agenda setting para a rádio novela

Os temas propostos pela agenda setting estão cada vez mais chulos. Para início de conversa, não da mais para perder tempo discutindo com alguém diferente de você. Isso se tornou deprimente porque os assuntos que a mídia oferece estão batidos demais, não há mais inovações. As pessoas repetem o que ouvem e nada é mais novo. A bola da vez é o caos nos aeroportos brasileiros. A mesma revolta dos passageiros que não tem outro meio de transporte que não sejam os aviões domésticos, virou a novela das oito.


Piadinhas sobre a última garfe que Lula cometeu, o governo ditatorial de Hugo Chavez, a grife da calcinha da nova celebridade em questão, queda do dólar, alta dos juros, conselho de ética que não é ético, morte e vida de ACM e o mundo de Valentina. Seria isso o Show de Truman 2? Sinceramente não da para comentar sobre isso. Até que é legal a opção das empresas se tornarem ecologicamente corretas, mas não consigo compreender a boa intenção das organizações, sempre sinto o cheiro de sujeira no ar.

Os temas mais pautados aos domingos são sobre o meio ambiente. Mas, as pessoas estão com um pouco de saco cheio e preferem não se importar com isso agora. A agenda às vezes não consegue ditar para sua audiência sobre o que é bom falar, o que é legal conversar nas mesas de bar. Os jornais estão sendo formatados para atender a um público sem tempo, que gosta de muita imagem, textos pequenos e títulos grandes, isso é preocupante!

Já foi o tempo em que eu achava graça nas piadinhas do casseta e planeta. Acabou a graça e ninguém consegue perceber isso. Vou voltar para a rádio novela, só que digitalizada. Poderia ser um regresso, mas isso me remete a algo bom, a um passado do qual eu não fiz parte. A realidade era o que cada um queria imaginar. A imagem se fazia de formas diferentes, mentes livres para imaginar o que quiser. Quando acabar vou ler meu mais recente livro de Fante, uma ótima opção para mim, para os meus dias de férias acadêmicas.




*Milena Brasil

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Piratão Movie é a saída do baixo clero

As restrições ao domínio público e a falta de mecanismos que possibilitem o livre compartilhamento dos bens culturais é uma ameaça maior à propriedade intelectual hoje no mundo do que a pirataria” afirma o Ministro Gilberto Gil em uma entrevista dada à Agência Brasil em 2005.

Tempos se passaram e nada mudou. A pirataria está cada vez mais abrangente e especializada. É verdade que os maiores piratas de CD e DVD do Brasil não são os pobres camelôs nem eu, que “roubo” quase todos os dias, uma obra das entranhas da Internet, e sim os grandes comerciantes e empresários que estão por traz dessas e outras infrações.

Quando surgiu no Japão, um DVD Player custava cerca de R$ 1.000,00 a R$ 2.200,00 e uma obra em DVD mídia não saia por menos de R$ 100,00. No Brasil, a tecnologia chegou em 2001 e começou a ganhar força em 2003, quando à pirataria do CD já estava em alta. Às locadoras já estavam num processo de substituição da fita VHS para o DVD e os hackers já desenvolviam a tecnologia DIVx para clonar o DVD.

Em 2004, a popularidade do DVD aumentou com a queda do valor do DVD player chegando a R$ 500,00. Como se não bastasse, leitores de DVD que também copiavam a mídia entraram na jogada, os computadores pessoais já passavam a vir com um Drive de DVD – RW, ou seja, um drive que copiava o DVD, agregado a tudo isso, as mídias virgens também já estavam sendo vendidas. Sopa no mel!

Hoje, qualquer computador, por mais barato que seja possui um gravador de DVD. A mídia de DVD com capa sai por menos de R$ 1,00 e os aparelhos podem ser encontrados por até R$ 99,00. Sem contar que podemos encontrar e baixar tudo na rede, inclusive filmes que ainda não foram lançados.

As locadoras de filmes cobram proporcionalmente mais caro o valor de uma locação de DVD em relação ao que cobravam na época do VHS. Certos locais cobram R$ 7,00 pela locação de um lançamento. O mercado piratão cobra R$ 5,00 pelo mesmo lançamento, com uma diferença, você não precisa devolver e poderá assistir quantas vezes quiser.

Daí vem toda uma questão justa de direitos autorais, propriedade intelectual, entre outros pontos. O autor tem o direito de lucrar sobre a sua obra, mas quem mais perde quando alguém clona um musical ou um filme não são os artistas, diretores e nem cantores, são as grandes gravadoras e produtoras. É verdade que ha muito tempo os artistas já não lucram em cima de CD e DVD e sim com shows, publicidade, etc.

O ministério da Justiça, hoje dedica um espaço em seu site, para publicação de tudo que se relaciona a pirataria, tanto de produtos áudio –visuais, quanto tênis, softwares, roupas e muitos outros. O site é o http://www.mj.gov.br/combatepirataria/. Foi lançada também a campanha: Pirata Tô Fora! Só Uso Original (http://www.piratatofora.com.br/), uma campanha do Sindireceita e Ministério da Justiça.

É cada vez maior à ação da Polícia Federal em relação aos produtos piratas, em especial o comércio de CDs e DVDs. Tal ação só está se tornando exaustiva por conta de pressões estrangeiras (leia-se pressões estrangeiras como Hollywood, Sony, etc.) para que o governo do Brasil se posicione.

Mas, pelo o que estou observando, me parece que eles estão abrindo os olhos e partindo para a saída mais inteligente que é baratear os preços. Há um ano atrás, queria comprar as versões originais do filme O Chamado, não o remake americano e sim o original japonês, tido como raridade. Essa trilogia não saia por menos de R$ 150,00, o que sinceramente me desanimou. Só não fiz pirataria, pois não achava em locadoras. Outro dia, passeando por uma loja de departamento, na parte dedicada a áudio – visuais vi um balaio de DVDs com preços bastante chamativos, R$ 9,99, R$ 12,99 e os mais novos por R$ 19,99, entre eles encontrei os dois primeiros filmes da trilogia que eu queria há um ano atrás, ambos por R$ 20,00. Não acreditei e logo joguei na cestinha.

Agora virou moda, centenas de bons filmes a preço de banana, não só filmes como Cds também. Me parece que entenderam o recado da sociedade e estão resolvendo a questão com a solução que já era obvia, PREÇO!

Re-analisando prefiro comprar um filme original, com alta qualidade por R$ 9,99 do que um piratão por R$ 5,00, só não descarto a possibilidade de baixar o arquivo na internet caso eu ache.

O povo inconscientemente pede cultura. A vontade de ver um filme, de escutar um CD seja comercial ou cult, felizmente aflora no baixo clero. À família brasileira merece uma outra saída ao Domingão do Faustão, Gugu e Leão. E tenho dito, se o preço não baixar a solução é piratear.

* Leonardo Parente

terça-feira, 5 de junho de 2007

Estou buscando inspiração para escrever poemas, mas ao contrário dos textos, onde você tenta escrever mesmo sem inspiração, para o poema precisa-se de um dom, é necessário nascer poeta.

Não adiantaria entender todos os sonetos compostos, pesquisar a vida e obra dos mais célebres poetas. Você precisa enxergar poesia nas coisas, num simples olhar. É preciso transformar palavras em versos, transformar letras em canção. Mesmo que essa canção não tenha ritmo, não tenha sentido, mesmo que as letras destoem.

Gosto de poesia depressiva. Queria ser como Florbela Espanca. Não queria ter sua tristeza, nem sua amargura, só queria saber fazer com as palavras o que ela fez. Queria poder transformar um sentimento em um poema e que pessoas pudessem retirar dos poemas um consolo para sua dor.

Pípi anda meio angustiado e inquieto. Ele precisa usar uma coleira em forma de cone para que não tenha acesso ao ferimento no rosto e não torne mais grave. Seu olho triste e molhado me causa tristeza. Seu olhar me pede ajuda, mas ele não sabe que estou tentando ajudá-lo com essa coleira que coloquei no seu pescoço para ajudar a curar a ferida. Ele não está conseguindo dormir hoje, nem eu. Ele não precisa me dizer uma só palavra para fazer-se entender, a poesia para mim está nessas coisas.
*Milena Brasil

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Ê Bahia...

Tento concentrar-me para começar a escrever algo, seguindo os conselhos que Milena Brasil havia descrito no texto anterior, dica de um escritor, acho que trata -se de Charles Bukowski, onde ele disse que a melhor inspiração para escrever é escrever, ou seja, uma palavra puxa outra. Mas, se existe uma coisa que me irrita é barulho, principalmente os que não saia de uma guitarra, que seja no lugar errado e na hora errada.

Trabalho e estudo no Centro de Salvador e nesse exato momento em que escrevo, uma passeata segue a Avenida Sete de Setembro. São manifestações contra o arrocho salarial, enquanto isso, uma loja de confecções que dispõe de duas caixas gigantes de som na sua porta, toca arrocha bastante alto pra chamar a freguesia. Do meu lado o presidente da minha instituição fala aos berros com alguém que o irritara, paralelo a isso tudo, o “Word” fecha a todo o momento, depois de disparar na tela uma caixa exibindo uma crítica de erro, tudo corre contra, mas mesmo assim eu não desisto e continuo escrevendo.

E por falar em centro de Salvador, devo dizer que já estou sinceramente de saco cheio. A todo o momento explodem manifestações sem sentido, sem embasamento, sem organização, sem alma. Comerciantes que buscam eternamente algo que nunca alcançam, negros radicais que brigam contra a aprovação da lei da maioridade penal, sob justificativa que isso atinge diretamente a população negra. Ora bolas me economize. Sem contar nos camelôs que tomam as ruas vendendo DVD de três reais, maçã de um real, pano de prato, presilha, boné, a porra toda.

As pessoas não reparam por onde andam, chocando-se contra você o tempo todo, hipnotizam-se por vitrines, entopem os shoppings, mesmo sem ter nem um centavo no bolso pra comprar um chiclete big-big ou acotovelem-se pra ver Hollifield ou Zebim numa transmissão ao vivo para a TV Aratu, no programa do Bocão, mesmo que para isso precise chegar atrasados em seus trabalhos, levar “mijada” do patrão e ainda reclamar que é incompreendido e “ômilhado”.

Tenho pena da população baiana. Se você parar no meio da rua e começar a plantar bananeira é um motivo para que logo se aglomere uma multidão ao seu redor, curiosos em presenciar tal feito, mesmo que eles não entendam bulhufas do que está acontecendo e na maioria das vezes é isso que acontece, tanta gente se aglomera ao redor de qualquer coisa, que quem está atrás passa a maior parte do tempo tentando chegar na frente pra ver o que está acontecendo, e logo percebe que não consegue entender nada, tempo perdido.

Outro dia um velho professor de filosofia resolveu inovar, parou o seu carro no Relógio de São Pedro, abriu a mala do veículo, uma adaptação de trio elétrico e começou a ministrar uma aula, a surpresa foi que ninguém ficou ao redor, ou melhor, uma mendiga seminua, dançando arrocha ao som das explicações da teoria freudiana. Passados cinqüenta minutos, o professor desistiu e revoltado gritou no microfone, “liberta-te ó meu burro povo!”. Mas, o professor não saiu sem nada, ele ganhou algo, coisa de valor, certamente receberá em sua casa o prêmio, uma multa aplicada pela viatura da SET (Superintendência de Engenharia de Tráfego).

* Leonardo Parente

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Escrever, como?

Como começar um texto? É bom iniciar com perguntas? Aqui no PPF, posso fazer o que eu quero, posso tirar o paletó e a gravata do jornalismo brasileiro, como o Pasquim fazia, só não sei se dará certo, pois o difícil é saber o que pode ser escrito para agradar e o que pode ser entendido como inovação. Vindo de alguém como eu, uma estudante de uma faculdadezinha qualquer, só poderia ser visto como palhaçada e provavelmente eu seria ridicularizada, se já não estou sendo.

Ando me questionando sobre inspiração e sempre lembro do conselho de um escritor que dizia que a inspiração para escrever, é escrever. Palavra puxa palavra. Percebi, que pelo menos aqui, não preciso escrever para agradar. O blog é minha oficina e não preciso me preocupar com a qualidade do material, se eu escrevi é porque achei que deveria e não preciso me sentir menos inteligente só porque escrevi algumas bobagens.

Milhares de idéias e palavras surgem, mas não consigo aproveitar quase nada, ou será que preciso pensar devagar? O editor do Pareporfavor tem me cobrado um texto a algumas semanas e com essa minha crise criativa, como ele mesmo diz, estava prolongando a entrega. O editor não é meu chefe, acho que somos sócios. Mas, eu queria mesmo é ter a moral do Tarso de Castro, que no deadline esgotado ele escreveu blábláblá numa folha inteira e assinou em baixo e seus leitores acharam fabuleux. Realmente foi uma idéia originalíssima na época, uma crítica ao jornalismo seco e obrigatório. Mas, a única semelhança entre eu e o Tarso, é que não temos de chefe, talvez até eu esteja escrevendo blábláblás e não esteja me dando conta.

Encontrei o livro Jornalismo e Literatura, a sedução da palavra. Não li nem o prefácio e paguei os treze reais que a livraria me cobrou. Gustavo de Castro e Alex Galeno reuniram algumas obras de escritores que falam sobre a relação literatura/jornalismo na contemporaneidade. Como não tinha nenhuma informação do livro, pela capa imaginei que seria o que eu precisava, que me daria algumas dicas de como escrever e que seria mais um daqueles chatos livros técnicos de Comunicação. Mas, os textos são ainda melhores, os autores dizem o que eu preciso saber, em forma de ensaios.

Enquanto escrevo esse texto, as palavras estão surgindo. Para mim funcionou, para você que lê, não da para adivinhar o efeito que irá causar. Quero finalizar com Guimarães Rosa, “O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”.



*Milena Brasil

sábado, 12 de maio de 2007

Rubens Maravilha. (PARTE FINAL)

Eles gritavam muito e murmuravam, muitas vezes falando um dialeto que certamente eu não entendia bulhufas. O jogo ao qual gerava tanta polêmica consistia em um copo de madeira e dentro dele três dados. Alguém virava aquele copo com força na mesa e comemoravam algo ou não, quando os dados paravam revelando os números. A aposta era a 50 “cents” ou três cigarros.

Do lado direito, um solitário senhor tomava sua cerveja. Carrancudo, mas ainda assim, bastante cumprimentado. Soberbo, ele apenas balançava a cabaça quando as pessoas chegavam na mesa para falar com ele. Foi quando de repente à garçonete nos trouxe uma garrafa de cerveja morna. Ela nos avisa que era um presente do cavalheiro à direita, para minha surpresa.

Juan me olha, sua expressão é confusa como sempre. O senhor então levanta um copo, como se brinda, gritando:

- Buena onda! Buena onda!

Fiquei constrangido, porém fui cumprimentá-lo pela cerveja. Antes da metade do caminho que eu percorreria para chegar até ele, fui poupado, pois o carrancudo senhor veio ao meu encontro trazendo sua cerveja e sentando-se a nossa mesa, na cara dura.

Devidamente acomodado e de copo cheio, ele se apresenta.

- Me lhamo Rubens, soy professor de Matemática e vos?

Referia-se a mim. Rubens possuía nitidamente um sotaque argentino e então respondemos com boa vontade:

-Soy estudiante de Periodismo.

-Yo soy analista de sistemas.

Rubens então fez uma expressão de contentamento dizendo:

- Hijo de puta, neno! Estoy hablando com las personas correctas, estoy sempre aburrido i solo.

Pergunto a ele sobre todas as pessoas ao seu redor, sobre toda aquela gente que o cumprimentou e ele me responde que são um bando de ignorantes e bate na mesa irritado.

- Hijo de puta, neno! Yo conozco todo el mundo!

Claro que não! Aquele velho maltrapilho. Bateu-me então uma crise preconceituosa. Barba por fazer, paletó parecendo aqueles de dez reais que vende na Barroquinha, sapatos bico fino (e furados

- Sabe nenos...

Ele sempre usava essa expressão quando desejava demonstrar superioridade intelectual ou conhecimento por conta da sua idade. Certamente não aparentava um cara burro. Era articulado e atento.

- Soy Índio, pele colorada, índio americano.

Juan soltou uma gargalhada incontida por quatro segundos e parou, pediu desculpas e fez uma cara de que não estava compreendendo porra nenhuma. Agora tratava -se de um índio americano, professor de Matemática. Claro e por que não? As cholas silenciaram a conversa, tentando entender o que estávamos conversando e o que motivara a risada de Juan.

Mas, o que estava ainda por vir era muito mais revelador, Rubens então chama à garçonete que vem baforando um gigantesco charuto cubano, segundo ela. Rubens então pede que traga uma dose de pisco. Em menos de dois minutos es que retorna eficaz, com um copo do tipo de pinga, onde Rubens numa talagada só coloca pra dentro, para, respira fundo e depois de um suspiro nos diz:

- Yo vivo com um hombre hace 20 años.

A afirmativa cai como uma bomba de gás hélio. Vontade de rir, somado a desconfiança, mas afinal será que aquela cerveja, na cabeça dele poderia nos custar algum preço? Certamente não estávamos dispostos a pagá-lo.

Após o desabafo de Rubens, mais um minuto de silêncio. Ele agora olha para o copo de cerveja com os olhos cheios de lágrima e a cara retorcida como se discutisse consigo mesmo, como se estivesse imerso em pensamentos desagradáveis. Seus lábios tremiam e uma gota escorre pelo seu rosto enrugado. Logo ele enxuga a lágrima com a sua gravata azul marinho.

Juan me olha e balança a cabeça levemente para um lado e para o outro, a desaprovação do argentino é nítida.

Rubens então pede outra cerveja, acende um charuto cubano e nos olha com ar de riso, a cara fechada e tensa passa a se dissolver em nossa frente. Um largo sorriso se abriu e vira uma longa gargalhada.

- Seguro, esto es la verdad! Vivo com un hombre hace 20 años y nada me importa, no tengo medo de la sociedad, no quiero nada de vos chicos, me gusta solamente hablar.

Eu certamente já não conseguia compreender mais nada. Rubens era uma figura tombada pelo patrimônio de La Paz. Tive vontade de saber mais sobre aquele solitário homem. Não posso julgar suas palavras como mentira ou verdade, o fato é que passamos momentos interessantes, conversando com um sujeito diferente, com senso crítico aguçadíssimo e total coerência quando se referia aos fatos alheios. Só que no quesito vida pessoal, Rubens foi além e não nos fez claro o suficiente, talvez propositalmente, talvez inconsciente.

Minutos antes de deixarmos o boteco, Rubens pedira licença para ir ao banheiro. Não hesitamos em aproveitar a oportunidade para questionar à garçonete a real história dele, e surpreendentemente ela sabe apenas um pouco mais do que também sabemos. Ele freqüentava o bar há 20 anos e ninguém nunca soube da sua real história. Especula-se apenas sobre a sua nacionalidade, que seria chilena e que foi exilado do Chile na época de Pinochet.

Ainda aproveitando a ausência, pagamos as cervejas, exceto a que nos fora presenteada, nos levantamos no momento em que ele chegou, Juan então disse:

- Amigo, tenemos que ir!

Rubens nitidamente demonstrou tristeza, como se a nossa saída fosse representar o seu retorno ao mundo da solidão e dos pensamentos depressivos. Ele pergunta:

- Amigos, estoy a molestar?

- Seguro que no! Disse Juan!

- Entonces que se va bien nenos, hay que estudiar e cambiar el mundo. Gracias por la presencia.

Então respondi:

- Gracias a vos senhor!

Rubens sorri e me agradece a gentileza de falar em castelhano, elogia meu sotaque argentino, nos da um abraço, senta à sua mesa e a sua saga de solidão recomeça.

Seguimos em direção a saída e nos despedimos da garçonete. Já estávamos descendo quando Juan deslancha outra gargalhada no momento que escutamos:

- Que se va! Que se va!



Alguém nos pragueja!

*Leonardo Parente

Foto: Leonardo Parente (La Paz, 2007)

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Rubens maravilha. (PARTE I)

É difícil escrever algo sobre a Bolívia, pelo menos algo que possa soar como uma crônica, um conto. Esse país é um caso a parte na América do Sul, disso não tenha duvida, pois seu dia-a-dia é uma história em quadrinhos cult.

Portanto amiguinhos, resolvi contar alguns “causos” peculiares deste país e quem sabe dos outros países em que passei, nesta trip que durou 31 dias pela América do Sul.

La Paz, 29 de janeiro de 2007. Dia frio, extraordinariamente frio. Ainda não era a época, mas La Paz resolveu presentear-me com -1º (um grau Celsius negativo) de temperatura, mesmo assim eu e Juan, um Argentino de Corrientes, analista de sistemas que conheci num ônibus de La Paz (Bol) a Cuzco (Pe), e acabou sendo uma grande força na viagem.

Andando pelo Centro de La Paz, vi a mais variada quantidade de bugigangas possíveis como: gorros de lã de lhamas ou alpacas, canivetes suíços, filmadoras, câmeras digitais, lanterna, roupas e até cocaína, discretamente é claro.

La Paz certamente é uma filial de Ciudad de Leste (Paraguai), perdendo apenas para o mercado central de Cochabamba. Nele também se vende quase tudo, de videogame Nitendo® a DVD pirata de “Ciudad de Dios”, nosso Cidade de Deus produzido por Fernando Meirelles, vi esse filme em todos os camelôs e lojas de DVD da Argentina, Chile, Bolívia e Peru.

Resolvemos então tomar uma cerveja é claro que pra variar, seria uma Paceña morna. É impressionante a dificuldade de achar algum líquido gelado na Bolívia, seja cerveja, refrigerante, Inka Cola ou água. “La Cerveza esta fria senhor!” é o que eles sempre dizem.

Procurávamos por um lugar que milagrosamente pudesse nos proporcionar o prazer de tomar uma gelada, andamos então do Mercado das Bruxas até a Plaza Murilo, foi quando avistamos um discreto ambiente com uma placa da “Cerveza Paceña” acesa. Na foto a cerveja estava suando fria e deliciosamente gelada.

O nome do bar era “El Borracho”. Uma coisa típica do boliviano é a sua cara de pau, esse comportamento ora é conveniente, ora nem tanto. Um bar com nome de “Ô Bêbado” é tão original para um bar da Bolívia que arrepia. A entrada do bar é um longo corredor. Em suas paredes pixações, grafittes com o rosto de Evo Morales. Esse corredor se findava no início de uma longa escada de madeira, que fazia um rangido de filme de terror a cada vez que pisávamos.

Do pé da escada já pude escutar estalos de madeira, cheiro de charuto e murmúrios.

- Carajo!
- Hijo de puta!

Juan sempre medroso, atrasa o passo e eu adianto. Olho para trás e ele diz:

- Leo no me gusta estar a cá.

Disse a ele que não achava perigoso, então ele com os dois ombros projetados para cima e para baixo, balançando a cabeça para um lado e para o outro anuncia que tudo bem. Era muito difícil Juan discordar de algo, ainda que isso pudesse custar sua cabeça. De certa forma deu um gostinho ditar ordens a um argentino.

Entramos de uma vez, sentamos perto da janela, o forro da mesa era uma espécie de calendário com uma boliviana nativa nua, só que não me parecia uma modelo. Pedimos uma cerveja litro, bem comum na Bolívia, Argentina e Peru, mas no caso da Bolívia, se rolasse uma de dez litros também seria bastante normal, pois tudo pode acontecer de estranho nesse simpático país.

Ao nosso redor muitas mesas e cadeiras, do meu lado esquerdo duas “cholas” dividindo uma pet de 2 litros de coca-cola. Para quem desconhece o assunto, “cholas” são senhoras que encontramos espalhadas por grande parte da América. Normalmente são índias que se vestem de forma peculiar, com muitos panos coloridos e um chapeuzinho redondo. Não costumam ser muito simpáticas e se você vacilar, certamente será passado para trás. Claro que isso não é regra, encontrei diversas senhoras humildes e prestativas, porém o seu odor é bastante desagradável. Muitas moram nas redondezas de La Paz, em alguma cidade próxima e vai para a capital trabalhar na feira, lavando roupas entre outras coisas. Penso que seja esse o motivo para tanto fedor, que me desculpem os amigos bolivianos.

Mais à frente, tinha uma mesa rodeada com cerca de dez velhotes fumando charuto, cachimbo e até erva danada...

* Leonardo Parente

CONTINUA...

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Orkut

Tenho uma relação curiosa com o Orkut. Não com o vaidoso, solteiro e rico criador, Orkut Buyukkokten (foto esquerda), mas com o site de relações projetado por esse mesmo engenheiro de software do Google. É uma linha tênue de amor e ódio. Separei-me dele uma vez e a saudade foi tanta que resolvi voltar. Não dei conta dos problemas que ele me causou e em menos de um mês dei o fora pela segunda vez, pretendendo que seja para sempre.

O primeiro abandono foi por livre e espontânea vontade, o segundo não foi tão natural assim, foi pelo desgaste que estava me causando.

Para falar a verdade, ganhei até um presente que valeu o meu retorno. Meu prêmio foi Pergunte ao Pó, escrito pelo meu preferido John Fante. De brinde, o prefácio feito por ninguém menos que Charles Bukowski. Tenho até vergonha de assumir, que não comprei esse livro, até quis muito que isso acontecesse, mas não encontrei nenhuma obra de Fante nos sebos e livrarias existentes em Salvador. Baixei as 170 páginas com mais peso na consciência do que no próprio arquivo. “I love orkut”!

Meu retorno marcou também, por eu ter sido expulsa da comunidade direcionada a “Madame Bovary”, até hoje não sei o motivo, mas creio que foi porque fiz uma pergunta sobre o livro e as “sabichonas” - proprietária e mediadora que fizeram uma tese sobre as obras de Gustave Flaubert, não souberam me responder.


Não sei porque quis estar entre os 30 milhões de usuários brasileiros que dão vida ao site. Não sei mais explicar essa atração que tinha por ele, já que ando um pouco cansada de algumas pessoas, não sentia interesse em dar atenção para meus “amigos”. Amigos esses, que sequer lembraram da data do meu aniversário e me excluíram de seus vínculos fraternos no período em que eu estive afastada de lá. Nem tinha mais tesão em ficar bisbilhotando vidas alheias, tanto que fiz questão de manter ativa a ferramenta de “privacidade”.

Buyukkokten, mesmo sem saber, conseguiu limitar a cabeça, já limitada de alguns brasileiros. É muito estranha essa cadeia virtual. As pessoas só consideram parte da sociedade àqueles que tem um perfil, e que estão virtualmente conectadas a essa rede quase sem fim.

Calma, não estou cuspindo no prato que eu comi, mas venha e convenha, eu senti na pele a vontade de cometer o orkuticídio. “I hate orkut”!


Crédito da foto: http://www.biologo.com.br/orkut/orkut.gif

*Milena Brasil

quarta-feira, 11 de abril de 2007

LEITURA GINASIAL

Lembro-me quando li pela primeira vez o Guerreiro da Paixão, de Márcia Kupstas. Na verdade, foi o primeiro livro que eu li e gostei. O livro que eu li por prazer em um dia apenas. Lançado em 87 e lido por mim no início da década de noventa, quando cursava a quinta serie.

Às vezes canso de minhas leituras tensas, densas e “intelectualóides” e acabo fugindo para as embalagens de shampoo, manteiga, barra de cereal para relaxar, quando não estou a fim de calcular nem um mais um.

Depois de passar a vista por minha biblioteca, observo um livro fininho, em meio a todas aquelas teorias, puxo então Guerreiro da Paixão. Suas páginas já estão amareladas e teu cheiro já é de mofo, lembro como hoje o dia em que o comprei, novinho, na livraria Doce Livro e numa sentada acabei por ler de ponta a ponta.

O Guerreiro da Paixão, fala da história de Zé Carlos, um adolescente de 15 anos, escritor precoce que se apaixona por Rosaura e vive o sabor e dissabor de uma paixão desesperada. Em paralelo a história real de amor do jovem escritor, desenrola-se o romance fictício de Guilherme e Ifigênia que viviam na idade média e sofriam por um amor proibido, contado por Zé Carlos.

Márcia Kupstas é paulista e já lançou mais de 50 livros, entre eles Maldição do Silêncio, Primeiro Beijo, Eu te gosto, você me gosta, Revolução em Mim, entre muitos outros. A escritora nasceu em 1957 e sempre curtiu ler, sua leitura preferida, apesar de escrever livros infanto-juvenil e juvenil era Edgar Allan Poe, D.H. Lawrence, Graham Greene, John Steinbeck, Agatha Christie, Conan Doyle e Ernest Hemingway e mais Stiphen King.
Tenho muita saudade do tempo em que eu não precisava devorar complexidade, um tempo onde a maior catástrofe que poderia acontecer era repetir o ano, bons tempos.

* Leonardo Parente

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Se todos os fantasmas fossem esses...

Às vezes seu corpo entende que você necessita fazer uma vigília. Quando isso acontece, a insônia é a resposta. Se a falta de sono começa a ser constante, pode ter certeza que algo não vai bem. A insônia não é doença e sim uma disfunção orgânica ou psicológica, isso não inclui os descendentes de Giacomo que não dormem nunca. Mas graças a Deus eu não sou nenhuma neurologista e nem estou aqui para falar sobre isso. Estou acordada às três da manhã a procura de algo interessante para fazer.



Nessa madrugada, comecei a contabilizar algumas mudanças fisiológicas que estão acontecendo de um ano para cá. Problemas intestinais crônicos, dor de cabeça excessiva a cada menstruação e o alargamento do quadril sim, mesmo que já tenha virado mocinha faz tempo. Mas, para esse último problema, o aqui já citado professor S.S. tem uma explicação. Ele diz que para seguir as tendências da moda contemporânea, as calças jeans são feitas com o cós baixo, então as mulheres entram em metamorfose tendo que deixar suas barrigas - saradas ou não, sem nenhum suporte. Conseqüentemente, eu mulher que não estou dentro do modelo oficial de pesos e medidas, tenho minha barriga, expelida para os lados, criando assim o culote. As pessoas que passam por esse processo são carinhosamente chamadas de Mulher Cascalho, uma deformação causada pela calça jeans moderna.


Interrompo meus pensamentos fisio e culturais e aproveito então para escutar os cds que Alberico me emprestou. Mozart é o escolhido para me acompanhar. Convido também Paulo Francis, em Cabeça de Papel, comprado num sebo por Leonardo.


Deitada no sofá ouço junto com a melodia, os sons da madrugada, que são agudo aos meus ouvidos e o mais impetuoso é o miado de um felino que parece estar bem próximo de mim.
O gato, a depressiva sinfonia, junto com o intelectualismo requintado de Hugo Mann, me fizeram lembrar do velho Buk. Ele gostava de ouvir músicas clássicas e olhar a preguiça elegante dos seus felinos, isso o inspirava. Percebi o quanto ele tinha razão, a tristeza nos inspira. Imagino o quanto seria difícil uma convivência amigável entre Bukowski, Mann e Francis.


Fecho o livro e abro a geladeira para beber água gelada, tive a impressão de um estupor. Chego à conclusão que não perdi o sono, mas que fui acordada por esses fantasmas, para que pudesse me aproximar deles.


O dia então amanhece e não consigo deixar para trás esses espectros que me ensinaram muito e foram uma agradável companhia essa noite.




Link para a família Giacomo
http://www.revistapiaui.com.br/2007/mar/questao_medica.htm

Link para Paulo Francis
http://www.bravonline.com.br/noticias.php?id=2487

Link para Buk
http://www.spectroeditora.com.br/autores/bukowski/bukowski.php

Crédito da Foto
http://estrelaesvaecida.blogspot.com/

sábado, 31 de março de 2007

Dez anedotas de presente para o dia da mentira!


Resolvemos postar algumas afirmações inquietas, neste dia tão inusitado. Contribua com a sua afirmativa espetaculosa hoje, amanhã ou outro dia qualquer. O seu comentário poderá ser postado sem permissão previa, totalmente modificado de forma que possa até te prejudicar pra sempre.


1º) Em menos de um mês no ar, o blog pare- porfavor está no topo dos mais acessados da Internet. Mesmo com poucos comentários, o blog contabilizou na última sexta-feira dois milhões e quinhentos mil acessos. As publicações são de autoria de Leonardo Parente e Milena Brasil, estudantes de jornalismo que se dizem surpresos com o resultado. (Milena Brasil)

2º) Marta Suplicy é a primeira presidenta do Brasil. A candidata do PSDB ganhou com uma diferença apertadíssima do candidato do PT, Fernando Gabeira. (Leonardo Parente)

3º) Filme brasileiro, produzido por uma cooperativa de cinema numa favela da Bahia, ganha Oscar de melhor filme internacional. (Leonardo Parente)

4º) Operadoras de telefonia móvel e fixa, tem 100% de aceitação de consumidores brasileiros. “O atendimento é tão especial e personalizado, que mesmo sem nenhum problema no meu aparelho, sinto vontade de ligar só pra saber das novidades”, diz uma usuária. As operadoras entraram no consenso, pra acabar com aquela enorme espera, escutando aquela musica repedidas vezes. (Leonardo Parente)

5º) Com toda essa controvérsia na lei, em relação a obrigatoriedade da formação técnica para o exercício do jornalismo, um gato, um cachorro e um coelho querem ser jornalistas também. (Leonardo Parente)

6º) Novas universidades publicas estão sendo inauguradas este ano, o governo federal diz que serão faculdades modelo para o mundo todo. (Leonardo Parente)

7º) O carnaval faliu. Investidores, músicos e foliões concluíram que carnaval é festa maldita e assim o presidente decreta o fim do carnaval. (Leonardo Parente)

8º) O G.C.R.P. (Guerrilha Civil de Reação Popular), antigo PCC tem um representante no ministério. A facção narco-idealista, propôs a câmara um representante no Ministério de assuntos para o crime, uma espécie de ponte de negociação entre a justiça e os criminosos de favelas no Brasil. (Leonardo Parente)

9º) Confirmado! Elvis não morreu, investigadores da “Interpool” afirmam que Elvis vive num interior da Bahia, num lugarejo chamado Vale do Capão. O ídolo do rock, agora um ancião, afirma ter vivido em marte um tempo, logo após ser abduzido enquanto enchia a cara na beira da piscina da sua mansão. Elvis agora passa o seu tempo mascando fumo e produzindo artesanatos. (Leonardo Parente)


10º) O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, chega ao Brasil na próxima segunda-feira a convite de Luís Inácio Lula da Silva para resolver a crise nos aeroportos. Bush, que virou o melhor amigo de Lula, diz que o caos aéreo brasileiro só pode ser resolvido com a ajuda das tropas do exército americano que também já está a caminho do Brasil. (Milena Brasil)

CONTRIBUIÇÕES DO LEITOR:

EXTRA EXTRA EXTRA.. ACABOU A CRISE AÉREA.WALDIR PIRES CONTORNOU A CRISE E AEROPORTOS VOLTAM A FUNCIONAR (Marcia Rodrigues).

O baixinho Romário desiste do milésimo gol (Mariana Brasil)

Imágem: http://www.ac.gov.br/outraspalavras/outras_1/mentiras.jpg


quarta-feira, 28 de março de 2007

TRABALHAR PARA MORRER!

Trabalho em uma empresa sem noção, a maior em número de clientes insatisfeitos - tanto na telefonia que é a sua área, quanto qualquer outro segmento empresarial.

Sou estudante de Jornalismo e definitivamente aquele lugar não é para mim. Estou lá ha alguns anos e vi muita gente entrar, sair, entrar novamente e o processo se repetir por algumas vezes. Gente se estressar levantar, largando tudo e pedindo demissão, gente jogando teclado para cima e entrando em prantos pavorosos ou ainda ficando inválidos por LER (Lesão por Esforços Repetitivos), hérnia de disco, problemas neurológicos entre outras enfermidades.

Quero pirar fazendo alguma coisa que eu goste, morrer de aneurisma em uma redação, tremer os joelhos quando for fazer a minha primeira tele-reportagem ou ver minha pauta cair inexplicavelmente.

Telefonia celular é uma área desacreditada, pelo menos a que eu trabalho é extremamente desacreditada, pelos clientes e funcionários que vivem um processo de flagelação, dependentes do maldito salário mínimo, pois não há mercado, a realidade é dura, mas é fato.

Assistir BA TV me da nojo, mas até aceitaria um estágio na maldita empresa de ACM. Não seria nada mal trabalhar no caderno de cultura do Correio, que na minha opinião é o melhor caderno de cultura de todo o Norte /Nordeste. Mas a realidade é outra e tenho que ficar escutando filhos da puta dizendo que eu comi os créditos deles, imagina eu comendo créditos.

Começo a trabalhar as sete da matina, mas já trabalhei durante a madrugada também. Quando entro na empresa é como se uma nuvenzinha acompanhasse minha cabeça, o atendimento que antes era prestado com no mínimo de tolerância e respeito ao cliente, hoje já não é assim.

Sou cliente de diversos serviços, e te garanto que a punição a quem não me agrada, seja na qualidade dos serviços, atendimento, preço, é muito alta. Simplesmente abdico daquilo buscando outras saídas, não apareço, não piso mais os pés e pronto. Pode ter certeza que de grão em grão a galinha enche o papo, e de clientes insatisfeitos a clientes insatisfeitos a empresa vai a falência. Mas não é assim que ocorre, existem clientes que já estão ha cinco anos brigando com a empresa, e sendo clientes, numa ligação quase carnal de amor e ódio. Eles já conhecem todos os funcionários e horários de trabalho deles, bem como do supervisor de cada área e cada horário.

Uma pessoa logo após trabalhar em um call-center, certamente não é a mesma. Conheço indivíduos que saíram da maldita operação e ainda sim estão ligados diariamente com o assunto, relembrando o caso assim como estou fazendo agora.

A revista Caros Amigos, número 118, de janeiro de 2007, publicou uma matéria de João de Barros, descendo o cacete nesta maldita empresa que eu trabalho, falando da insatisfação dos clientes e funcionários, da “embromation” que utilizam e de que somos obrigados a passar aos clientes que não entendem a nossa posição e acabam por nos descascar. Contatados pela revista, a assessoria de imprensa avisa que a empresa tem um índice altíssimo de aceitação e resolução dos problemas reclamados. Quem resolveu esses problemas? Onde estão os clientes satisfeitos? Eu não resolvi problema nenhum.

Imágem: http://www.caixadefantasia.com/pnet/fotografia/wpphot05-12.jpg

*Leonardo Parente

sábado, 24 de março de 2007

DIA DE FÚRIA!

Da próxima vez que for a um shopping popular estarei prevenida com uma armadura ou quem sabe um escudo. Tenho que zelar pela minha integridade física porque a cada dia as pessoas estão mais mal educadas. Alguns hematomas que ganhei são as provas visíveis de que estou falando a verdade. Tombos, atropelos de sacolas, pontapés, foram alguns dos atos violentos contra a minha pessoa em apenas 20 minutos que caminhei dentro dessa “feiralivremoderna e cool”.

Mulheres famintas por promoção. Lerdas que se acham o último ser humano vivo, andam sem olhar quem está por perto, sem contar nos adolescentes ensandecidos se aglomeram próximo às salas de cinema em uma disputa louca pela franja mais lisa. Esses jovens, cria do Iguatemi são os que dão o verdadeiro retorno que o Multiplex merece, pois foram feitos um para o outro.

O complexo de cinema Hollywoodiano formado pelas empresas UCI e Orient Filmes (que por sinal esteve interditado por não pagar ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - ECAD) e que fede a mofo, tornou-se o point da garotada sem juízo algum, que falam gesticulando e fazendo muito, mas muito barulho mesmo.

É para entrar em parafuso nesses locais, alguém se pergunta porquê eles são assim? Por que se aglomeram sempre num só lugar? São milhares de vozes e nem ao menos uma palavra consegue-se entender.

Imagino sempre que estão me observando, mas sei que sou apenas uma criatura insignificante, misturada àquela multidão de emmos, patys, lammers, rackers, posers e aqueles que não são nada, fantasiam-se de alguma coisa.
* Milena Brasil

quinta-feira, 22 de março de 2007

PERCEPÇÃO, ANÁLISE CULTURAL E IMPARCIALIDADE FUNDEM MINHA CUCA GIL!

Definitivamente a faculdade e os professores atrapalham os meus estudos. Estou no terceiro ano de Jornalismo e já tinha escutado falar sobre o assunto, mas só agora tenho certeza de que não existe jornalismo imparcial, assim como não existem professores imparciais.

Essa cultura do “não imparcial”, já é implantada em nossas cabeças confusas dentro das salas de faculdade. Percebo isso quando vejo um professor defendendo uma teoria própria e tentando se redimir em seguida, por culpa ou medo de ser mal interpretado pelos acadêmicos.

Tenho visto professores se desdobrarem em teorias a seu favor, para justificar a sua opinião tendenciosa. Para explicar isso dou como exemplo um professor de Produção de Eventos, grande mestre e experiente no assunto - particularmente um dos meus preferidos na faculdade em que eu estudo, mas que pra justificar a sua simpatia pelo pagodeiro do “Psirico”, banda baiana de grande sucesso local, diz que o mesmo possui uma grande qualidade vocal. A outra professora de Jornalismo em Pequenos Meios, nos diz que Ivete Sangalo é inteligente, pois tem uma técnica aprimorada de se relacionar com a imprensa, e que
Antônio Abujamra, possui uma técnica de entrevista que já está gasta e cansada, que suas entrevistas possuem uma mesma fórmula, para todos os entrevistados.

Na mesma aula do professor de Eventos, discutia-se sobre cultura, valorização de obras e crítica. Foi quando surgiu à afirmativa do mesmo, que não era interessante emitirmos juízo de valor por coisas consideradas “não cultura”.

Em um belo discurso, afirmou que o que é ruim pra mim, pode ser valioso para outros, tentando implantar em nossas cabeças que não é inteligente e nem interessante criticar uma banda de pagode sem primeiro entender o seu alcance e seu valor antropológico. Mas então qual é o futuro da crítica literária, cinematográfica e teatral? Todos calados com medo de julgar e ser mal interpretados, sendo taxados de preconceituosos e quadrados por “praguejar” a “dança da bundinha” e endeusar Truman Capote, John Fante, Charles B. e etc...

Se for isso mesmo, sou o mais novo preconceituoso assumido da face da terra, ou se eles preferirem, já não sei quem tem mais valor, Pablo Picasso ou “Zeus”, pixador de muros em Salvador.

E como já diria José Simão, a piada pronta seria: “É uma questão de semiótica”.

Imágem retirada de: www.lacoctelera.com/.../worlds.jpg


* Leonardo Parente

segunda-feira, 19 de março de 2007

Pare por favor!

É dispensável falar que esse é só mais um blog, é “clichê” falar que esse blog é único, inodoro, pobre mas limpinho. Não acho que temos tendências anarco-políticas, não somos jornalismo gonzo e nem um coletivo de terrorismo poético. Não somos imparciais nem muito menos porras loucas. Somos mais um blog.
Esse primeiro “post” conta com a sacada ninja de Milena Brasil em que ela descobre que Varela vai ter que quebrar promessa de não tocar em dinheiro público, (vinheta) isso é um absuuurdooo... (Leonardo Parente)

ÂUMMM ÂUMMM ÂUMM "SEU VALERA" É PREFEITÃO!

Corre por aí, que Zé Eduardo, o apresentador do Se Liga Bocão, é o possível substituto de Raimundo Varela na TV Itapuã. Na verdade, o primeiro nome cogitado foi o do popular Zé Bim que só aceitou a troca de emissora se Zé Eduardo fosse junto. O apresentador do programa da Tv Aratu é o escalado para comandar o Balanço Geral no canal concorrente. Pasme, o apresentador que ficou afastado por algum tempo, devido a problemas de saúde, volta para a Rede Record por um curto período, pois sua idéia mesmo é lançar-se prefeito de Salvador. Desejo esse, que foi interrompido na campanha passada.

O apresentador mais polêmico da Bahia, como é conhecido, Raimundo Varela já tem até um jingle político que está sendo veiculado no seu programa e diz assim “que força é essa Varela que você tem”. A partida inicial já foi dada e Varela como não é bobo, saiu na frente.

Se “seu Valera” for mesmo candidato à prefeitura municipal de Salvador, eu quero saber como ele vai receber seu salário, pois eu mesma ouvi da boca do apresentador, no programa de segunda-feira (12) que ele nunca tocou em dinheiro público, nem nunca tocará. Será que Varela, com sua admirável honestidade de um cidadão íntegro, vai mesmo conseguir conduzir a capital baiana sem ao menos colocar as mãos nas notas públicas? (Milena Brasil)