terça-feira, 5 de junho de 2007

Estou buscando inspiração para escrever poemas, mas ao contrário dos textos, onde você tenta escrever mesmo sem inspiração, para o poema precisa-se de um dom, é necessário nascer poeta.

Não adiantaria entender todos os sonetos compostos, pesquisar a vida e obra dos mais célebres poetas. Você precisa enxergar poesia nas coisas, num simples olhar. É preciso transformar palavras em versos, transformar letras em canção. Mesmo que essa canção não tenha ritmo, não tenha sentido, mesmo que as letras destoem.

Gosto de poesia depressiva. Queria ser como Florbela Espanca. Não queria ter sua tristeza, nem sua amargura, só queria saber fazer com as palavras o que ela fez. Queria poder transformar um sentimento em um poema e que pessoas pudessem retirar dos poemas um consolo para sua dor.

Pípi anda meio angustiado e inquieto. Ele precisa usar uma coleira em forma de cone para que não tenha acesso ao ferimento no rosto e não torne mais grave. Seu olho triste e molhado me causa tristeza. Seu olhar me pede ajuda, mas ele não sabe que estou tentando ajudá-lo com essa coleira que coloquei no seu pescoço para ajudar a curar a ferida. Ele não está conseguindo dormir hoje, nem eu. Ele não precisa me dizer uma só palavra para fazer-se entender, a poesia para mim está nessas coisas.
*Milena Brasil

Um comentário:

Anônimo disse...

Temos que buscar inspiração nos sentimentos e na conexão sobre o que pretendemos escrever e o que isso nos transmite. É muito espontãneo e natural. Se nos indignamos, por exemplo, escrevemos uma satírica sobre o que nos indignou a partir do sentimento desencadeado. Isso não se trata de um b a bá mas funciona.