segunda-feira, 21 de maio de 2007

Escrever, como?

Como começar um texto? É bom iniciar com perguntas? Aqui no PPF, posso fazer o que eu quero, posso tirar o paletó e a gravata do jornalismo brasileiro, como o Pasquim fazia, só não sei se dará certo, pois o difícil é saber o que pode ser escrito para agradar e o que pode ser entendido como inovação. Vindo de alguém como eu, uma estudante de uma faculdadezinha qualquer, só poderia ser visto como palhaçada e provavelmente eu seria ridicularizada, se já não estou sendo.

Ando me questionando sobre inspiração e sempre lembro do conselho de um escritor que dizia que a inspiração para escrever, é escrever. Palavra puxa palavra. Percebi, que pelo menos aqui, não preciso escrever para agradar. O blog é minha oficina e não preciso me preocupar com a qualidade do material, se eu escrevi é porque achei que deveria e não preciso me sentir menos inteligente só porque escrevi algumas bobagens.

Milhares de idéias e palavras surgem, mas não consigo aproveitar quase nada, ou será que preciso pensar devagar? O editor do Pareporfavor tem me cobrado um texto a algumas semanas e com essa minha crise criativa, como ele mesmo diz, estava prolongando a entrega. O editor não é meu chefe, acho que somos sócios. Mas, eu queria mesmo é ter a moral do Tarso de Castro, que no deadline esgotado ele escreveu blábláblá numa folha inteira e assinou em baixo e seus leitores acharam fabuleux. Realmente foi uma idéia originalíssima na época, uma crítica ao jornalismo seco e obrigatório. Mas, a única semelhança entre eu e o Tarso, é que não temos de chefe, talvez até eu esteja escrevendo blábláblás e não esteja me dando conta.

Encontrei o livro Jornalismo e Literatura, a sedução da palavra. Não li nem o prefácio e paguei os treze reais que a livraria me cobrou. Gustavo de Castro e Alex Galeno reuniram algumas obras de escritores que falam sobre a relação literatura/jornalismo na contemporaneidade. Como não tinha nenhuma informação do livro, pela capa imaginei que seria o que eu precisava, que me daria algumas dicas de como escrever e que seria mais um daqueles chatos livros técnicos de Comunicação. Mas, os textos são ainda melhores, os autores dizem o que eu preciso saber, em forma de ensaios.

Enquanto escrevo esse texto, as palavras estão surgindo. Para mim funcionou, para você que lê, não da para adivinhar o efeito que irá causar. Quero finalizar com Guimarães Rosa, “O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”.



*Milena Brasil

4 comentários:

Anônimo disse...

Milena, vc escreve bem e com correção. È muito descritiva, mas, ainda não podemos dizer que vc tenha um estilo... Porque este só fica realmente evidente numa sequencia de muitos trabalhos, na afirmação de uma voz, leva tempo. Mas gosto muito da maneira como vc se expressa, porque vc consegue argumentar. O ideal seria vc participar de uma oficina de textos, treinar mesmo. Arriscar estilos. Será que existem outros alunos na FC que topariam? A gente poderia pensar num projeto assim? Realizado aí mesmo na faculdade?
Beijos,
jussi

Anônimo disse...

Isso mesmo! Vamos escrever o que quisermos para não deixar de ser original. Depois nos adequamos a qualquer regra específica exigida.

Anônimo disse...

Milena,
o que acho melhor do blog é que não é necessário corrigir, não fazemos rascunho.
Todo jornalista escritor briga contra os jargões da profissão e sonha em ter um estilo próprio. O mesmo ocorre com nós advogados-escritores.
Não páre (de escrever), por favor.
Abraço,
Augusto.

Anônimo disse...

legal o texto, tb penso como vc: blog é para experimentar, escrever o que der na telha (pelo menos o meu é).
Obrigado pela visita ao Veiculo Voador!
E volte qnd quiser.