quarta-feira, 4 de abril de 2007

Se todos os fantasmas fossem esses...

Às vezes seu corpo entende que você necessita fazer uma vigília. Quando isso acontece, a insônia é a resposta. Se a falta de sono começa a ser constante, pode ter certeza que algo não vai bem. A insônia não é doença e sim uma disfunção orgânica ou psicológica, isso não inclui os descendentes de Giacomo que não dormem nunca. Mas graças a Deus eu não sou nenhuma neurologista e nem estou aqui para falar sobre isso. Estou acordada às três da manhã a procura de algo interessante para fazer.



Nessa madrugada, comecei a contabilizar algumas mudanças fisiológicas que estão acontecendo de um ano para cá. Problemas intestinais crônicos, dor de cabeça excessiva a cada menstruação e o alargamento do quadril sim, mesmo que já tenha virado mocinha faz tempo. Mas, para esse último problema, o aqui já citado professor S.S. tem uma explicação. Ele diz que para seguir as tendências da moda contemporânea, as calças jeans são feitas com o cós baixo, então as mulheres entram em metamorfose tendo que deixar suas barrigas - saradas ou não, sem nenhum suporte. Conseqüentemente, eu mulher que não estou dentro do modelo oficial de pesos e medidas, tenho minha barriga, expelida para os lados, criando assim o culote. As pessoas que passam por esse processo são carinhosamente chamadas de Mulher Cascalho, uma deformação causada pela calça jeans moderna.


Interrompo meus pensamentos fisio e culturais e aproveito então para escutar os cds que Alberico me emprestou. Mozart é o escolhido para me acompanhar. Convido também Paulo Francis, em Cabeça de Papel, comprado num sebo por Leonardo.


Deitada no sofá ouço junto com a melodia, os sons da madrugada, que são agudo aos meus ouvidos e o mais impetuoso é o miado de um felino que parece estar bem próximo de mim.
O gato, a depressiva sinfonia, junto com o intelectualismo requintado de Hugo Mann, me fizeram lembrar do velho Buk. Ele gostava de ouvir músicas clássicas e olhar a preguiça elegante dos seus felinos, isso o inspirava. Percebi o quanto ele tinha razão, a tristeza nos inspira. Imagino o quanto seria difícil uma convivência amigável entre Bukowski, Mann e Francis.


Fecho o livro e abro a geladeira para beber água gelada, tive a impressão de um estupor. Chego à conclusão que não perdi o sono, mas que fui acordada por esses fantasmas, para que pudesse me aproximar deles.


O dia então amanhece e não consigo deixar para trás esses espectros que me ensinaram muito e foram uma agradável companhia essa noite.




Link para a família Giacomo
http://www.revistapiaui.com.br/2007/mar/questao_medica.htm

Link para Paulo Francis
http://www.bravonline.com.br/noticias.php?id=2487

Link para Buk
http://www.spectroeditora.com.br/autores/bukowski/bukowski.php

Crédito da Foto
http://estrelaesvaecida.blogspot.com/

3 comentários:

Anônimo disse...

Querida colega, Milena, parabéns para você e Leonardo. Adorei seu texto, leve, bem humorado e um bom exemplo de jornalsimo literário. Estilo de jornalismo que muito me agrada e vc fez muito bem. descrevendo, narrando e informando observando bem e utilizando a percepção. ontim=nuem assim que vocês vão longe.

Do seu colega Alberico Manoel

Anônimo disse...

Milena e Léo,
O PPF tá muito legal, mas vcs têm que deixar a preguiça de lado o postar mais....hahahaha
Blog é, como diria nilson, nosso pratão..

Anônimo disse...

Milena e Léo,
O PPF tá muito legal, mas vcs têm que deixar a preguiça de lado o postar mais....hahahaha
Blog é, como diria nilson, nosso pratão..