quinta-feira, 3 de maio de 2007

Rubens maravilha. (PARTE I)

É difícil escrever algo sobre a Bolívia, pelo menos algo que possa soar como uma crônica, um conto. Esse país é um caso a parte na América do Sul, disso não tenha duvida, pois seu dia-a-dia é uma história em quadrinhos cult.

Portanto amiguinhos, resolvi contar alguns “causos” peculiares deste país e quem sabe dos outros países em que passei, nesta trip que durou 31 dias pela América do Sul.

La Paz, 29 de janeiro de 2007. Dia frio, extraordinariamente frio. Ainda não era a época, mas La Paz resolveu presentear-me com -1º (um grau Celsius negativo) de temperatura, mesmo assim eu e Juan, um Argentino de Corrientes, analista de sistemas que conheci num ônibus de La Paz (Bol) a Cuzco (Pe), e acabou sendo uma grande força na viagem.

Andando pelo Centro de La Paz, vi a mais variada quantidade de bugigangas possíveis como: gorros de lã de lhamas ou alpacas, canivetes suíços, filmadoras, câmeras digitais, lanterna, roupas e até cocaína, discretamente é claro.

La Paz certamente é uma filial de Ciudad de Leste (Paraguai), perdendo apenas para o mercado central de Cochabamba. Nele também se vende quase tudo, de videogame Nitendo® a DVD pirata de “Ciudad de Dios”, nosso Cidade de Deus produzido por Fernando Meirelles, vi esse filme em todos os camelôs e lojas de DVD da Argentina, Chile, Bolívia e Peru.

Resolvemos então tomar uma cerveja é claro que pra variar, seria uma Paceña morna. É impressionante a dificuldade de achar algum líquido gelado na Bolívia, seja cerveja, refrigerante, Inka Cola ou água. “La Cerveza esta fria senhor!” é o que eles sempre dizem.

Procurávamos por um lugar que milagrosamente pudesse nos proporcionar o prazer de tomar uma gelada, andamos então do Mercado das Bruxas até a Plaza Murilo, foi quando avistamos um discreto ambiente com uma placa da “Cerveza Paceña” acesa. Na foto a cerveja estava suando fria e deliciosamente gelada.

O nome do bar era “El Borracho”. Uma coisa típica do boliviano é a sua cara de pau, esse comportamento ora é conveniente, ora nem tanto. Um bar com nome de “Ô Bêbado” é tão original para um bar da Bolívia que arrepia. A entrada do bar é um longo corredor. Em suas paredes pixações, grafittes com o rosto de Evo Morales. Esse corredor se findava no início de uma longa escada de madeira, que fazia um rangido de filme de terror a cada vez que pisávamos.

Do pé da escada já pude escutar estalos de madeira, cheiro de charuto e murmúrios.

- Carajo!
- Hijo de puta!

Juan sempre medroso, atrasa o passo e eu adianto. Olho para trás e ele diz:

- Leo no me gusta estar a cá.

Disse a ele que não achava perigoso, então ele com os dois ombros projetados para cima e para baixo, balançando a cabeça para um lado e para o outro anuncia que tudo bem. Era muito difícil Juan discordar de algo, ainda que isso pudesse custar sua cabeça. De certa forma deu um gostinho ditar ordens a um argentino.

Entramos de uma vez, sentamos perto da janela, o forro da mesa era uma espécie de calendário com uma boliviana nativa nua, só que não me parecia uma modelo. Pedimos uma cerveja litro, bem comum na Bolívia, Argentina e Peru, mas no caso da Bolívia, se rolasse uma de dez litros também seria bastante normal, pois tudo pode acontecer de estranho nesse simpático país.

Ao nosso redor muitas mesas e cadeiras, do meu lado esquerdo duas “cholas” dividindo uma pet de 2 litros de coca-cola. Para quem desconhece o assunto, “cholas” são senhoras que encontramos espalhadas por grande parte da América. Normalmente são índias que se vestem de forma peculiar, com muitos panos coloridos e um chapeuzinho redondo. Não costumam ser muito simpáticas e se você vacilar, certamente será passado para trás. Claro que isso não é regra, encontrei diversas senhoras humildes e prestativas, porém o seu odor é bastante desagradável. Muitas moram nas redondezas de La Paz, em alguma cidade próxima e vai para a capital trabalhar na feira, lavando roupas entre outras coisas. Penso que seja esse o motivo para tanto fedor, que me desculpem os amigos bolivianos.

Mais à frente, tinha uma mesa rodeada com cerca de dez velhotes fumando charuto, cachimbo e até erva danada...

* Leonardo Parente

CONTINUA...

3 comentários:

Comunicação Social disse...

Boa narrativa.
Você deveria escrever um livro contando essa experiência.

Alberico Manoel disse...

Muito legal leo sua descrição. Um texto agradavel, narrativo e que fala do que você viveu. Parabéns pelo texto. Concordo com o comentário do comunicação social você deveria escrever um livro sobre o que você vivenciou. Até mais !!!!!!!!

Anônimo disse...

Si el diálogo no funcionar, nosotros no tiene miedo para recuperar nuestros recursos naturales y compañías.