quarta-feira, 18 de abril de 2007

Orkut

Tenho uma relação curiosa com o Orkut. Não com o vaidoso, solteiro e rico criador, Orkut Buyukkokten (foto esquerda), mas com o site de relações projetado por esse mesmo engenheiro de software do Google. É uma linha tênue de amor e ódio. Separei-me dele uma vez e a saudade foi tanta que resolvi voltar. Não dei conta dos problemas que ele me causou e em menos de um mês dei o fora pela segunda vez, pretendendo que seja para sempre.

O primeiro abandono foi por livre e espontânea vontade, o segundo não foi tão natural assim, foi pelo desgaste que estava me causando.

Para falar a verdade, ganhei até um presente que valeu o meu retorno. Meu prêmio foi Pergunte ao Pó, escrito pelo meu preferido John Fante. De brinde, o prefácio feito por ninguém menos que Charles Bukowski. Tenho até vergonha de assumir, que não comprei esse livro, até quis muito que isso acontecesse, mas não encontrei nenhuma obra de Fante nos sebos e livrarias existentes em Salvador. Baixei as 170 páginas com mais peso na consciência do que no próprio arquivo. “I love orkut”!

Meu retorno marcou também, por eu ter sido expulsa da comunidade direcionada a “Madame Bovary”, até hoje não sei o motivo, mas creio que foi porque fiz uma pergunta sobre o livro e as “sabichonas” - proprietária e mediadora que fizeram uma tese sobre as obras de Gustave Flaubert, não souberam me responder.


Não sei porque quis estar entre os 30 milhões de usuários brasileiros que dão vida ao site. Não sei mais explicar essa atração que tinha por ele, já que ando um pouco cansada de algumas pessoas, não sentia interesse em dar atenção para meus “amigos”. Amigos esses, que sequer lembraram da data do meu aniversário e me excluíram de seus vínculos fraternos no período em que eu estive afastada de lá. Nem tinha mais tesão em ficar bisbilhotando vidas alheias, tanto que fiz questão de manter ativa a ferramenta de “privacidade”.

Buyukkokten, mesmo sem saber, conseguiu limitar a cabeça, já limitada de alguns brasileiros. É muito estranha essa cadeia virtual. As pessoas só consideram parte da sociedade àqueles que tem um perfil, e que estão virtualmente conectadas a essa rede quase sem fim.

Calma, não estou cuspindo no prato que eu comi, mas venha e convenha, eu senti na pele a vontade de cometer o orkuticídio. “I hate orkut”!


Crédito da foto: http://www.biologo.com.br/orkut/orkut.gif

*Milena Brasil

quarta-feira, 11 de abril de 2007

LEITURA GINASIAL

Lembro-me quando li pela primeira vez o Guerreiro da Paixão, de Márcia Kupstas. Na verdade, foi o primeiro livro que eu li e gostei. O livro que eu li por prazer em um dia apenas. Lançado em 87 e lido por mim no início da década de noventa, quando cursava a quinta serie.

Às vezes canso de minhas leituras tensas, densas e “intelectualóides” e acabo fugindo para as embalagens de shampoo, manteiga, barra de cereal para relaxar, quando não estou a fim de calcular nem um mais um.

Depois de passar a vista por minha biblioteca, observo um livro fininho, em meio a todas aquelas teorias, puxo então Guerreiro da Paixão. Suas páginas já estão amareladas e teu cheiro já é de mofo, lembro como hoje o dia em que o comprei, novinho, na livraria Doce Livro e numa sentada acabei por ler de ponta a ponta.

O Guerreiro da Paixão, fala da história de Zé Carlos, um adolescente de 15 anos, escritor precoce que se apaixona por Rosaura e vive o sabor e dissabor de uma paixão desesperada. Em paralelo a história real de amor do jovem escritor, desenrola-se o romance fictício de Guilherme e Ifigênia que viviam na idade média e sofriam por um amor proibido, contado por Zé Carlos.

Márcia Kupstas é paulista e já lançou mais de 50 livros, entre eles Maldição do Silêncio, Primeiro Beijo, Eu te gosto, você me gosta, Revolução em Mim, entre muitos outros. A escritora nasceu em 1957 e sempre curtiu ler, sua leitura preferida, apesar de escrever livros infanto-juvenil e juvenil era Edgar Allan Poe, D.H. Lawrence, Graham Greene, John Steinbeck, Agatha Christie, Conan Doyle e Ernest Hemingway e mais Stiphen King.
Tenho muita saudade do tempo em que eu não precisava devorar complexidade, um tempo onde a maior catástrofe que poderia acontecer era repetir o ano, bons tempos.

* Leonardo Parente

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Se todos os fantasmas fossem esses...

Às vezes seu corpo entende que você necessita fazer uma vigília. Quando isso acontece, a insônia é a resposta. Se a falta de sono começa a ser constante, pode ter certeza que algo não vai bem. A insônia não é doença e sim uma disfunção orgânica ou psicológica, isso não inclui os descendentes de Giacomo que não dormem nunca. Mas graças a Deus eu não sou nenhuma neurologista e nem estou aqui para falar sobre isso. Estou acordada às três da manhã a procura de algo interessante para fazer.



Nessa madrugada, comecei a contabilizar algumas mudanças fisiológicas que estão acontecendo de um ano para cá. Problemas intestinais crônicos, dor de cabeça excessiva a cada menstruação e o alargamento do quadril sim, mesmo que já tenha virado mocinha faz tempo. Mas, para esse último problema, o aqui já citado professor S.S. tem uma explicação. Ele diz que para seguir as tendências da moda contemporânea, as calças jeans são feitas com o cós baixo, então as mulheres entram em metamorfose tendo que deixar suas barrigas - saradas ou não, sem nenhum suporte. Conseqüentemente, eu mulher que não estou dentro do modelo oficial de pesos e medidas, tenho minha barriga, expelida para os lados, criando assim o culote. As pessoas que passam por esse processo são carinhosamente chamadas de Mulher Cascalho, uma deformação causada pela calça jeans moderna.


Interrompo meus pensamentos fisio e culturais e aproveito então para escutar os cds que Alberico me emprestou. Mozart é o escolhido para me acompanhar. Convido também Paulo Francis, em Cabeça de Papel, comprado num sebo por Leonardo.


Deitada no sofá ouço junto com a melodia, os sons da madrugada, que são agudo aos meus ouvidos e o mais impetuoso é o miado de um felino que parece estar bem próximo de mim.
O gato, a depressiva sinfonia, junto com o intelectualismo requintado de Hugo Mann, me fizeram lembrar do velho Buk. Ele gostava de ouvir músicas clássicas e olhar a preguiça elegante dos seus felinos, isso o inspirava. Percebi o quanto ele tinha razão, a tristeza nos inspira. Imagino o quanto seria difícil uma convivência amigável entre Bukowski, Mann e Francis.


Fecho o livro e abro a geladeira para beber água gelada, tive a impressão de um estupor. Chego à conclusão que não perdi o sono, mas que fui acordada por esses fantasmas, para que pudesse me aproximar deles.


O dia então amanhece e não consigo deixar para trás esses espectros que me ensinaram muito e foram uma agradável companhia essa noite.




Link para a família Giacomo
http://www.revistapiaui.com.br/2007/mar/questao_medica.htm

Link para Paulo Francis
http://www.bravonline.com.br/noticias.php?id=2487

Link para Buk
http://www.spectroeditora.com.br/autores/bukowski/bukowski.php

Crédito da Foto
http://estrelaesvaecida.blogspot.com/